De longe te vejo, mas será que a essa distância vejo você ou vejo a mim mesmo? A luz humana se mistura a luz de Deus e reflete na porta de vidro até suas costas. De dentro da livraria te vejo na porta com essa luz difusa, dividida, refletindo diferentes cores na sua pele.
Tenho a impressão de minha visão ficar turva e em uma leve alucinação ver duas asas saírem das suas costas, uma branca e uma negra. Essa bate agitada, viril, enquanto a outra suave e delicada. Impossível voar assim.
Limpo meus olhos e volto a ver o brilho difuso refletido não mais na porta, mas no seu próprio ser. Quem é essa? É você? Ouço sua risada agradável que me diz "não é nada disso" ou seria "não sou nada disso"?
Pisco, pisco e novamente pisco, tentando entender o que se passa. Você passou.
Quando mergulho em água gelada sinto meu corpo inteiro, sinto meu coração bater mais forte, meus pelos arrepiarem, meus membros tremerem. Quando mergulho no gelado eu sinto a vida, eu vivo. Mergulhar no gelado também é renovar, é afundar na dor, na culpa, no sofrimento e então sair animado, pulando, querendo sentir o calor.
domingo, 15 de dezembro de 2013
Mais um verão
Mais um verão chega chuvoso, mais uma paixão se segura ao meu coração com garras afiadas. Oh pássaro medroso, não percebes que o machuca? Esse calor e essa água se completam como essa dor e paixão fazem parte da mesma mandala viva. O inverno seco de julho foi reflexivo e solitário. Quanto frio não senti, mesmo fechado em meu quarto! Agora, nessa chuva abafada, relembro aqueles dias. Será minha vida um circulo fechado? Uma tragédia submissa ao destino, onde até as estações são elementos dramáticos?
A primavera anuncia seu fim e o verão já se mostrou no suor do meu rosto, mas aqui dentro só sinto aquele frio seco do ano passado. Inverno assassino da minha planta, que eu punha todas as manhãs na janela.
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