sexta-feira, 8 de agosto de 2014

papel, caneta e isqueiro

peço papel, caneta e isqueiro a um amigo
preciso queimar minha dor com palavras
você se foi, voou pra longe do meu abraço
arrancou ao decolar um pedaço meu

seu beijo na minha memória agora
derrete como gelo. frio e solitário
sou escravo do seu olhar, mas isso
não é nenhum martírio, é meu sentido

busquei seu olhar, esse que escraviza,
quando você passou pelo portão
de embarque. esperei paciente por ele
mesmo de longe, quando esperava na fila
para passar no raio-x. suspirei de esperança
quando o alarme tocou na sua vez e teve
que voltar para tirar suas botas de couro marrom
não me viu. não me vi. me esqueci